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domingo, 27 de novembro de 2022

Sertanejo trágico


Inventa que tá saindo desse relacionamento

Mas eu tô sabendo que você só quer fugir
Fugir, fugir de mim

E meu ouvido diz duvido, duvido, duvido

Vai namorar comigo, sim!

Ciúme não

Excesso de cuidado

Não paro de pensar nela

Tô passando na frente da casa
Se algum vizinho me denunciar, a culpa é dela
De ex-namorado agora eu tô virando suspeito

Não adianta tentar se esconder
Porque sempre vou te encontrar
Vou andar colado em você
Onde você for eu vou estar

Tem uma câmera no canto do seu quarto

Um gravador de som dentro do carro

Whisky nela, que ela beba, ela libera

Eu vim acabar com essa sua vidinha

 

 

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Poema construído a partir das seguintes letras de música: Vidinha de Balada (Henrique e Juliano) | Meu Anjo (João Neto e Frederico) | Empurra Whisky Nela (Bruninho e Davi) | Ciumento Eu (Henrique e Diego part. Matheus e Kauan) | Então foge (Marcos & Belutti) | Casa Amarela (Guilherme & Santiago)

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Pronunciamento


“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro.

  • O texto foi elaborado a partir da recombinação manual de trechos do discurso de Bolsonaro, realizado no dia 1 de novembro de 2022, após a derrota no segundo turno. Todas as palavras estão presentes na fala original, mas a ordem foi modificada. Leia o pronunciamento completo aqui.

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Disforia de Gênesis trata do não-pertencimento no mundo desde o nascimento. Sobre sentir que o corpo nos limita e prende nessa existência, mas também sobre como a sociedade em si é desconforto e viver é lidar com essas consternações.

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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Póstero

 

eventualmente não conseguiremos mais nos comunicar por meio dos olhares

eventualmente nada teremos a dizer durante as videochamadas

eventualmente teremos muito a dizer

[mas escolheremos calar

eventualmente seremos segredo

eventualmente algo não se encaixará mais

os dentes batendo

o desconforto da intimidade 

o incômodo nas preliminares

a falta de prazer

a dor de cabeça 

a dor


eventualmente tomaremos consciência da perda

eventualmente perceberemos que a perda é paulatina

[se constrói nas faltas

mas também nos excessos

eventualmente não seremos o suficiente

[meu melhor não é suficiente nem para mim mesma

eventualmente seremos segredo e distância 

eventualmente teremos dias bons

[em que a gradual soma de ausências será esquecida

eventualmente a realidade recairá sobre nossos ombros 

[e já não bastará a ruína 

do alicerce do que somos

eventualmente estupraremos a ferida aberta

[por conhecermos os pontos fracos uma da outra

eventualmente o fetiche deixará de ser em enforcamento

[se transformará em machucar o ego

eventualmente decidiremos reconstruir os destroços 

casando 

tendo um bebê 

mudando de Estado

viajando em lua de mel

refazendo os votos

pagando um motel caro

fazendo um ensaio fotográfico 

eventualmente nenhum ritual bastará

eventualmente descobriremos que já estamos mortas por dentro

eventualmente.

sábado, 13 de agosto de 2022

Hipnagogia

há manhãs em que me vejo quase à beira da morte

o blecaute impede a luz de entrar

mas ainda assim existe

uma cintilância

uma aura

teu contorno

clarão em invisíveis arrebóis

cobertos por fenestras fechadas

e é quando

soturnamente

cogito faltar ao trabalho

conversa fiada

só para poder ficar te olhando

antes de despertar